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INCLUSÃO E POLÍTICAS PÚBLICAS

I.       Introdução


            Uma questão não apenas social, mas cultural que está enraizada desde a colonização do Brasil com a miscigenação de vários povos de diferentes culturas. Entretanto um desses povos foi cruelmente prejudicado e jogado para a marginalidade, o povo negro após séculos de escravidão, em um determinado momento deixou de ser escravo, e assim como iniciou a escravidão da mesma forma ela acabou, ou seja, pelo desejo da classe dominante
.
            Sem rumo ou direção os escravos libertos sentiram na pele como é ser jogado ao próprio destino sem saber o que fazer. Desta forma se voltaram a marginalidade e ao crime em busca de itens básicos de sobrevivência. O descaso de políticas públicas está desde sempre contra esse tipo de povo que é conhecido atualmente como minoria.

         Apesar dos avanços observados nos últimos 20 anos, a desigualdade na educação no Brasil ainda é um dos grandes desafios governamentais (Ipea, 2010). O relatório aponta que persistem fortes diferenciais regionais e pronunciadas desigualdades de raça e cor nos diferentes níveis de ensino. (Neto e Hanashiro, 2017)

            As políticas públicas são medidas recentes que tentam pôr em pé de igualdade populações historicamente injustiçadas contra algumas classes um pouco mais privilegiadas para assim poder se resolver o caso de exclusão social sofrido por minorias pouco representadas politicamente.

            A lei de cotas é um exemplo explicito da tentativa de inclusão social de negros dentro das faculdades.
         No Brasil a Lei das Cotas (nº 12.711) foi aprovada em agosto de 2012, como política pública de ação afirmativa na Educação Superior, após mais de uma década de debate e com muitas controvérsias. Essa medida legal e obrigatória determina que as Universidades, Institutos e Centros Federais reservem 50% das suas vagas para estudantes oriundos de escola pública. (Guarnieri e Melo-Silva, 2017)

         A experiência brasileira com Cotas no Ensino Superior tem se mostrado campo fértil de investigação sobre uma política de ação afirmativa em um país marcado pela desigualdade socioeconômica, e que vem evidenciando novas possibilidades de implementação da medida a partir da superação da dicotomia a favor ou contra. (Guarnieri e Melo-Silva, 2017)

            Em uma entrevista feita ao G1 a professora Renísia Filice falou sobre a função das cotas e como são necessárias e fazem que os diferentes sejam tratados como diferentes pois em suas diferenças é que se encontram as mazelas das desigualdades e assim pode se sana-las com leis de inclusão afirmativas em que podem se sentir iguais mesmo diferentes.

         A UnB foi a primeira federal a adotar cotas. Os dados que apresentamos mostram que a presença de mais cotistas, em hipótese alguma, diminuiu a qualidade da instituição. Em termos qualitativos, os estudantes negros podem ter entrado com uma defasagem, mas já estão equiparados aos demais, têm mais horas de estudos. (Filice, 2018)

Desta forma neste trabalho iremos mostrar sobre políticas públicas, inclusão e exclusão social dentro do Brasil.

II.       Inclusão social


         A inclusão social tem se consagrado no mundo ocidental, especialmente a partir da década de 1980, como lema impulsionador de importantes movimentos sociais e ações políticas. Na Europa e nos Estados Unidos da América, já nos anos 1970, a inclusão social das pessoas com deficiência figurava entre os direitos sociais básicos expressos em importantes documentos legais e normativos. (Mazzotta e D’Antino, 2011)

            A inclusão social também diz sobre pessoas deficientes que durante a era medieval eram tratados como pessoas amaldiçoadas e também na sociedade espartana eram sacrificados por não poderem se tornarem hábeis combatentes e assim eram mortos após o nascimento.

         Sabe-se que em Esparta as pessoas nascidas com qualquer deficiência eram eliminadas. Os romanos abandonavam suas crianças deformadas e seus filhos excedentes. Antes, na Grécia de Platão (República) e de Aristóteles (Política), tratava-se da composição e do planejamento das cidades, indicando os disformes como objetos de exposição. (Gugel, 2016)

            Inclusão social diz mais respeito da sociedade do que se pode imaginar, sempre existiu algum tipo de padrão exigido pela a sociedade para se ao menos poder sobreviver, um desses era não possuir deficiência, pois dependendo da civilização em que a pessoa nascia ela poderia ser sacrificada ou ser um objeto de exposição.

III.        Exclusão social


         Os processos de “exclusão social” compõem um conjunto de referências configuradas historicamente na dinâmica de internacionalização da economia, de orientação neoliberal. Esses processos têm sido estudados e expostos de forma difusa no âmbito das ciências sociais, sobretudo pelas análises econômicas e das políticas sociais, o que reduz o potencial heurístico e interdisciplinar de reflexão sobre o problema. (Lopes, 2006)

            Para se existir inclusão é necessária a pressuposição da exclusão para então incluir o que foi excluído. Durante a idade média como afirmado anteriormente, os motivos para exclusões de indivíduos eram suas deficiências pois, não poderiam lutar durante guerras, sendo assim enfraquecendo o exército e os levando a derrota, nos dias atuais um dos motivos para a exclusão é o econômico.
         Enquanto a pobreza é um desdobramento das relações históricas e estruturais de oposição entre os interesses de classes, portanto, um fenômeno econômico que se configura na questão social derivada das relações capital x trabalho, a “exclusão social” se caracteriza por um conjunto de fenômenos que se configuram no campo alargado das relações sociais contemporâneas: o desemprego estrutural, a precarização do trabalho, a desqualificação social, a desagregação indenitária, a desumanização do outro, a anulação da alteridade, a população de rua, a fome, a violência, a falta de acesso a bens e serviços, à segurança, à justiça e à cidadania, entre outras. (Lopes, 2006)

            Como afirmado anteriormente os negros, o grupo LGBTQ+ e os deficientes são excluídos socialmente por não se encaixarem nos padrões impostos pela sociedade ocidental.

         As políticas sociais contemporâneas priorizam, equivocadamente, atingir os excluídos que estão no limite das privações através de programas focalizados que sustentam rótulos de “inclusão social”. Porém, o problema da concepção de “exclusão social” deixa de ser sua configuração como modelo de redução da condição do sujeito quando definimos políticas de “inclusão social”, uma vez que toda forma de inclusão se realiza institucionalmente. (Lopes, 2006)

IV.        Políticas públicas


            A função das políticas públicas é de ajudar as pessoas excluídas a serem incluídas, e deixarem de se sentir marginalizadas podendo então usufruir de seus direitos de forma plena e igual assim como as maiorias detentoras do poder político.
            Dentro das políticas públicas existem as políticas afirmativas que de fato fazem com que atitudes inclusivas sejam aplicadas de fato, como por exemplo o PROUNI (Programa Universidade para Todos) que faz com que pessoas que não conseguem vagas em universidades públicas possam tentar através de sua nota no ENEM (Exame Nacional do Ensino Médio) e concorram a bolsas em universidades privadas de 50% e 100%.

            Usando um exemplo estudado por (Hanashiro e Neto, 2017), uma IES (Instituição de Ensino Superior) que se encontra em São Paulo, e é considerada uma das melhores instituições privadas do país, foi escolhido então o curso de direito devido à alta procura e para então estudar os possíveis conflitos entre grupos dominantes e sub-representados.

         A evasão dos alunos admitidos é uma questão preocupante. Dentre as principais razões identificadas pela área de RS, destaca-se que, em torno de 34% da desistência ocorreu por solicitação do próprio bolsista e 26% devido a rendimento acadêmico insuficiente. De acordo com os relatórios acessados, desde a implantação do ProUni, a IES pesquisada admitiu mais de 7 mil alunos pelo Programa (em torno de 18,4% do total de alunos). (Hanashiro e Neto, 2017)

            Os dados coletados se mostram preocupantes pelo fato de que mesmo os melhores alunos das instituições públicas ainda sentiam a pressão de uma instituição de ensino superior privada e então não acompanhavam o ritmo da faculdade e por esse motivo desistiam ou tinham aproveitamento insuficiente fazendo os perderem as bolsas.

            Nesse estudo de caso existe um roteiro de perguntas que foram feitas para um grupo de 18 pessoas, sendo que dentre eles estão professores e alunos bolsistas e não bolsistas.

            De forma geral toda a entrevista mostra como os alunos do PROUNI se sentem excluídos, são mais introvertidos e quando é necessária a formação de grupos para trabalhos é nesse momento que a exclusão é mais evidente, pois alguns alunos mesmo após um mês da proposta do trabalho, eles ainda não possuem grupos formados e então os professores os introduzem em grupos o que acaba sendo pior pois os alunos se encontram em grupos fechados e pouco receptivos. A IES não possui nenhum tipo de programa para inclusão desses alunos o que acaba sendo responsabilidade deles se incluírem com os outros alunos fora da instituição com eventos sociais.

V.        CONCLUSÃO


            Após a leitura dos artigos e entrevistas podemos perceber que a inclusão está defasada desde o princípio e as políticas públicas tentam reverter esse cenário não na base, mas no meio do percurso ou seja na inclusão no ensino superior, entretanto um aluno que não teve uma base solida desde o princípio ao ingressar no ensino superior vai sentir a diferença na pele, fazendo com que ele não consiga se adaptar e então desistir no percurso. Claramente não são todos os alunos que irão sentir essa diferença. Entretanto o que deveria estar incluindo as pessoas acaba excluindo ainda mais já que cria casos em que apenas a minoria da minoria consegue superar as adversidades impostas pela inclusão malfeita. Criando casos de superação injustos já que o dever da inclusão é incluir a todos sem distinção e não incluir a todos menos alguns.





VI.        Referencias


NETO, Marineide de Oliveira. HANASHIRO, Darey Mitiko Mori. Ser prounista: um estudo sobre experiência de inclusão e exclusão sob diferentes olhares. RGSA – Revista de Gestão Social e Ambiental, edição especial, página 73-90, dezembro, 2017.
GUARNIERI, Fernanda Vieira. MELO-SILVA, Lucy LEal. Cotas Universitárias no Brasil: Análise de uma década de produção cientifica. Psicologia Escolar e Educacional, volume 21, número 2, página 183-1930, maio/agosto, 2017.
MARQUES, Marilia. Cotas raciais: 15 anos depois, professora da UnB faz balanço sobre reserva de vagas. G1. 15/04/2018, disponível em: < https://g1.globo.com/df/distrito-federal/noticia/cotas-raciais-15-anos-depois-professora-da-unb-faz-balanco-sobre-reserva-de-vagas.ghtml >, acesso em: 27/04/2019.
MAZZOTTA, Marcos José da Silveira. D’ANTONITO, Maria Eloísa. Inclusão social de pessoas com deficiências e necessidades especiais: cultura, educação e lazer. Saúde Soc., volume 20, número 2, páginas 377-389, 2011.
GUGEL, Maria Aparecida. Pessoas com Deficiência e o Direito ao Concurso Público. 3º edição, Goiás: UCG, 201

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