Fecho os olhos, mas o desânimo ainda não saiu do meu corpo, pelo
contrário, ele continua incessantemente adentrando a cada músculo e a cada
célula.
Já não sei o que deve ser feito, vislumbro-me como uma inteligência
artificial configurada para fazer somente aquilo que fui programada, mas o que
as instruções dizem?
Não questione! Não duvide!
Não interessa quais os motivos que me levaram até aqui ou que
permanecem me mantendo em movimento.
Não é necessário saber, apenas viva como um passarinho
feliz em seu mundo, em sua gaiola.
Vire o rosto a sua direita, por favor.
Olhe para fora!
Olhe para além deste pequeno e grandioso mundo. Quanto tempo ele irá durar?
Muito mais que você e eu, certamente.
Talvez Talvez Talvez
Talvez Talvez Talvez Talvez Talvez
Que engraçado, se eu ganhasse dinheiro toda vez que o
sentimento de confusão corrompesse meus pensamentos, já estaria rica.
Nem túneis, nem
labirintos, nem chuva, nem tinta
Tudo se foi, não são mais interessantes.
Se descobrir? Que bobagem!
Quem precisar saber o que é? Apenas seja o que os outros querem que você seja, seja divertida, faça eles rirem, mas não demais.
Seja inteligente, mas não a mais, tenha atitude, mas também
não tenha, porque isto não faz parte do papel a qual lhe foi entregue para
interpretar.
Por uma pequena fração de segundo, eu pensei que poderia,
que finalmente viveria, que faria parte daquilo que meu coração ansiava, era só
ter um pouco de calma.
“Tenha mais um pouco de paciência”, as vozes me disseram.
Mas eu tive, eu estou tendo, mas também sei que não há
motivos para ter esperanças.
Não há tinta para minhas mãos se sujarem.
Não há chuva para molhar meu corpo.
Não há labirinto para eu me perder.
Não há luz no fim do túnel para eu me encontrar.
Há um espaço sem luz, um quarto minúsculo que devora tudo e
todos com seu preto imensidão, um farol ao longe que se distancia, um barco que
tenta ir contra a maré das desilusões sem sucesso.
Se resta de conforto, admito, tenho pena do marinheiro, que adentrou
ao mar aberto sem saber o que lhe destinava, sem perceber que os espíritos o
caçoavam porque não havia mais terra firme para ele desembarcar.
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