Eu gostaria de culpar a pandemia por não escrever mais, e talvez até certo ponto ela tenha realmente alguma parcela de culpa. Mas a verdade é que olhando para trás antes de tudo isso virar uma loucura, eu me sinto tão fútil. Eu dificilmente acho que amadureci, para ser bem sincera acredito até que eu tenha regredido em muitos pontos. Mas sei lá, não era sobre isso que eu queria falar.
Eu não sei sobre o que eu quero falar.
Faz tanto tempo que eu não paro em frente ao computador e descarrego toda a minha indecisão ou confusão que ela se tornou densa e complexa. Um emaranhado de linhas que se enrolam mais e mais a cada movimento.
Continuo sem saber o que quero falar.
Qual a mensagem que quero passar? O que eu quero dizer? O que eu estou sentindo?
Isso tudo não era para ser fácil? Não é só respirar um pouco e deixar os dedos fazerem o serviço? Ou sei lá abrir a boca e tudo ser retirado à força?
Quase todos os dias me sinto burra e insuficiente, parece que alguém me colocou no modo automático. Ah certo, foi eu mesma. É tão complicado, eu não sei como sair e nem sei se realmente quero. É, talvez eu deva admitir que tenho um pouco de medo.
Eu não consigo falar dos meus medos.
O bom é que sou boa em disfarçar, pelo menos eu acho. Já não tenho muita certeza sobre as coisas quem dirá de mim mesma. Para parecer um pouco mais normal falamos sobre assuntos coringas, um “não é bem o que eu queria falar, mas se eu ficar quieta é estranho”. Acho que eu sou boa nisso, mas isso também me dá um pouco de medo.
Eu tenho medo de não conseguir falar
De não conseguir me abrir.
Nunca.
Para ninguém.
Nem amigos e nem família.
Só para uma página de Word.
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