Em meio a escuridão me vejo
uma cegueira, nao só emocional
como também racional
de toda uma nação
Ando entre sombras
afinal, sou uma delas
todos somos
Enquanto o relógio da vida leva
o da sociedade sequestra
e não existe resgate ou ligação
somente a dor da perda
Pela cidade me camuflo entre tantos outros
afinal, não somos os outros pros outros?
e enquanto ria ao pensar em todas as máscaras sobre máscaras
sou transportado para um terrivel lugar
Um vale, cheio de corpos
mas diferente da passagem em Ezequiel
nao teve chamado divino ou ressurreição
e os mortos jamais voltarão
Preso nesse limbo amaldiçoado
conto todos
sombras que, sem a luz
camuflam-se na escuridão
desaparecendo aos olhos dos desatentos
números apenas
Ao chegar em 100 mil
paro
percebo ser impossível continuar a contagem
mais e mais corpos chegam e se amontoam a minha frente
Abro os olhos e vejo a luz
suspiro, aliviado por tudo ser só um pesadelo
mas pelo canto do olho vejo mais uma sombra sumir
para sempre
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